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Muito se fala sobre o glúten nos últimos anos. E uma das coisas que a ciência vem estudando é se o glúten é inflamatório ou não. Hoje sabemos que cada vez mais pessoas se sentem mal quando comem algum alimento que tem glúten. Mas por que isso está acontecendo? Hoje nós vamos falar sobre isso e eu vou te explicar o porque do glúten ser considerado um alimento inflamatório e o que você pode fazer para reduzir o risco do seu filho desenvolver uma intolerância ao glúten.

Antes de mais nada quero te explicar o que é uma inflamação e quais os problemas que ela pode causar:

Inflamação

Inflamação é uma resposta protetora do corpo a lesões, infecções ou irritações, visando eliminar o agente causador do dano e iniciar o processo de cura. É um componente fundamental do sistema imunológico, envolvendo a ativação de células imunes, a produção de substâncias químicas inflamatórias e uma série de mudanças fisiológicas. A inflamação pode ser classificada em dois tipos principais: aguda e crônica.

Inflamação Aguda

A inflamação aguda é a resposta imediata e inicial a um dano ou infecção e geralmente dura por um período curto, de minutos a alguns dias. É caracterizada por sinais e sintomas clássicos, que podem incluir:

  • Vermelhidão (rubor):Causada pela dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando o fluxo sanguíneo para a área afetada.
  • Calor: Também resultante do aumento do fluxo sanguíneo.
  • Inchaço (edema): Devido ao acúmulo de fluido nos tecidos, como resultado da permeabilidade vascular aumentada.
  • Dor: Causada pela liberação de substâncias químicas que estimulam as terminações nervosas e pelo inchaço que pressiona as mesmas.
  • Perda de função: Em alguns casos, a inflamação pode causar dificuldade de movimento ou uso da área afetada.

Esses sintomas são uma consequência das ações do sistema imunológico para combater a infecção ou reparar o tecido danificado.

Inflamação Crônica

A inflamação crônica é uma resposta inflamatória de longa duração, que pode durar meses ou até anos. Ela ocorre quando o corpo não consegue eliminar a causa da inflamação ou quando ocorre uma resposta imune desregulada. Ao contrário da inflamação aguda, que é considerada protetora e benéfica, a inflamação crônica pode levar a doenças e condições prejudiciais, incluindo doenças cardíacas, diabetes tipo 2, doenças autoimunes, e certos tipos de câncer.

A inflamação crônica pode ser mais sutil e não apresentar os sinais e sintomas evidentes da inflamação aguda. Em vez disso, pode se manifestar por meio de fadiga, febre baixa, dor, erupções cutâneas ou outros sintomas que podem variar muito.

Mecanismos da Inflamação

Os processos inflamatórios são mediados por células imunes como macrófagos e linfócitos, e por substâncias como citocinas e mediadores químicos (por exemplo, histamina, prostaglandinas). Esses mediadores ajudam a orquestrar a resposta imune, promovendo a dilatação dos vasos sanguíneos, atração de células imunes para o local da inflamação, e a reparação do tecido.

Doenças inflamatórias

Nos últimos anos as doenças inflamatórias tem aumentado numa velocidade assustadora, não só em adultos mas também nas crianças. Vários são os fatores para isso, dentre eles estão:

Mudanças na Dieta e Nutrição:

As dietas modernas, ricas em açúcares, gorduras saturadas e alimentos processados, são conhecidas por promover a inflamação. A diminuição do consumo de alimentos anti-inflamatórios naturais, como frutas, verduras e ômega-3, também desempenha um papel. Ao longo dos anos a alimentação das pessoas ficou cada vez mais rica em industrializados (enlatados, embutidos, fast-foods) e cada vez mais pobre em alimentos de verdade. Isso é um dos principais motivos do aumento de doenças como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, entre outras.

Estilo de Vida Sedentário:

A falta de atividade física regular é um fator de risco significativo para doenças crônicas, incluindo aquelas com componentes inflamatórios, como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e algumas formas de câncer. A atividade física é um grande aliado na redução da inflamação. Por isso que é tão importante incentivar atividade física regular desde a infância.

Alterações na Microbiota Intestinal:

A microbiota intestinal desempenha um papel crucial na modulação da resposta imunológica e inflamatória. As mudanças no estilo de vida e na dieta podem alterar a composição da microbiota, levando a um aumento da inflamação. Um intestino saudável faz com que seu corpo funcione melhor, ajudando a controlar melhor processos inflamatórios e melhorando nossa imunidade. E se você ja tem alterações no seu intestino ou se você tem problemas com o glúten ele vai ser inflamatório para você.

Glúten e inflamação

Quando falamos do glúten e de sua capacidade de induzir inflamação, os mecanismos envolvidos são complexos e variam dependendo da sensibilidade individual. :

  1. Ativação do Sistema Imunológico

    Em pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, o glúten pode desencadear uma resposta imune. Na doença celíaca, essa resposta é autoimune, atacando o próprio tecido do intestino.

  2. Liberação de Citocinas Inflamatórias

    A exposição ao glúten em indivíduos sensíveis pode levar à liberação de citocinas, que são mensageiros químicos que promovem a inflamação. Isso pode contribuir para os sintomas e danos no tecido intestinal.

  3. Permeabilidade Intestinal

    O glúten pode afetar a permeabilidade da parede intestinal, principalmente em pessoas com doença celíaca. Isso é frequentemente referido como “intestino permeável”, onde fragmentos de alimentos e microrganismos podem passar através do revestimento intestinal para a corrente sanguínea, causando uma resposta imune e inflamatória.

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Dieta Anti-inflamatória

A correlação entre doenças inflamatórias, dieta e nutrição é muito importante para que você tenha uma vida saudável e o controle de doenças inflamatórias como uma doença autoimune, por exemplo. Uma dieta inadequada, rica em alimentos processados, açúcares simples e gorduras saturadas, pode contribuir para o desenvolvimento e agravamento de doenças inflamatórias. Para quem tem uma doença autoimune, por exemplo o glúten também é considerado inflamatório e deve ser retirado da alimentação. Já uma dieta balanceada, rica em alimentos anti-inflamatórios, pode ajudar a reduzir a inflamação e o risco de doenças associadas.

Inflamação e Doenças Inflamatórias

A inflamação, como eu já expliquei mais acima, é uma resposta natural do sistema imunológico a lesões ou infecções, mas quando se torna crônica, pode levar ao desenvolvimento de várias doenças. Doenças inflamatórias incluem, mas não estão limitadas a, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, doenças inflamatórias intestinais (como doença de Crohn e colite ulcerativa), artrite reumatoide, e obesidade. A inflamação crônica também está associada ao envelhecimento precoce e a várias condições neurológicas.

Dieta e Inflamação

A dieta desempenha um papel crucial na modulação da inflamação. Certos alimentos podem promover a inflamação, enquanto outros têm propriedades anti-inflamatórias:

  • Alimentos pró-inflamatórios:

    Alimentos ricos em açúcares refinados, gorduras trans e saturadas, excesso de álcool e carnes processadas podem estimular a inflamação no corpo. Esses alimentos podem alterar a composição da microbiota intestinal, promover a produção de citocinas inflamatórias e aumentar a permeabilidade intestinal, facilitando a entrada de substâncias pró-inflamatórias na circulação sanguínea.

  • Alimentos anti-inflamatórios:

    Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3 (como peixes gordurosos, linhaça e nozes), antioxidantes (encontrados em frutas, vegetais, nozes e grãos integrais), fibras e polifenóis podem ajudar a reduzir a inflamação. Esses nutrientes e compostos bioativos podem diminuir a produção de mediadores inflamatórios, melhorar a saúde da microbiota intestinal e fortalecer a barreira intestinal.

Nutrição e Gestão de Doenças Inflamatórias

A nutrição pode ser uma ferramenta poderosa na gestão de doenças inflamatórias. Estratégias dietéticas incluem:

  • Dieta Mediterrânea:

    Rica em frutas, vegetais, grãos integrais, legumes, nozes, peixes e azeite de oliva, esta dieta tem demonstrado reduzir marcadores inflamatórios e é benéfica na prevenção e gestão de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, e doenças inflamatórias intestinais, entre outras.

  • Redução do Consumo de Alimentos Processados:

    Limitar alimentos ricos em açúcares adicionados, gorduras trans e saturadas pode diminuir a inflamação.

  • Suplementação:

    Em alguns casos, a suplementação de nutrientes específicos (como ácidos graxos ômega-3, vitamina D e antioxidantes) pode ser recomendada para ajudar a gerenciar a inflamação, especialmente quando é difícil atingir a ingestão adequada através da dieta sozinha.

Embora o glúten não cause inflamação em todos os indivíduos, em pessoas com sensibilidade ao glúten ou doença celíaca, pode desencadear uma série de respostas inflamatórias. Entender esses mecanismos é crucial para o manejo eficaz dessas condições e para a prevenção de complicações a longo prazo associadas à inflamação crônica.

Se você tem alguma suspeita de que o glúten possa estar te fazendo mal ou fazendo mal para seu filho, procure um profissional qualificado para fazer as avaliações corretas e retirar o glúten do jeito certo para avaliar.